terça-feira, 23 de abril de 2024

ANALOGISMO




Na colorida manhã primaveril

Reluz o sol em terra e mar.

No aconchego dos meus sonhos

Brilha a luz do teu olhar!

 

Sob o azul do imenso céu

Os campos belos...,  floridos!

Sob o teto em nosso lar

Algo etéreo a nos pairar.

 

Lá fora os dias são lindos

Mas pode o tempo mudar.

Cá dentro tudo é bonito,

Mas também pode transmudar.

 

Tudo passa nesta vida:

Flores, plantas, animais...

Só o  encanto do  amor

Não passará jamais!

 

Os passarinhos felizes

Entoam hinos de paz.

Nossa música tem fetiche

E vislumbra como o mar.

 

Os animais e as avezinhas

Se procuram sem cessar.

Meu olhar ardente e inquieto

Busca insano o teu olhar.

 

Nesta analogia poética

Fico perplexo e concluo:

Tudo é perfeito e divino

Dentro e fora do meu lar.

 

                  Antenor Rosalino

terça-feira, 9 de abril de 2024

REVELAÇÃO


O crepúsculo do entardecer,

Na orla azul do mar,

Banhava o teu corpo esbelto,

Enquanto as ondas brincavam

Com teu inocente olhar.

 

Neste instante de acalento

Na bela tarde rosicler,

Registrei em linda foto:

Teus encantos de mulher.

 

Percebendo o meu intento

Ao fitar-te, diversivo,

Teu rosto iluminou-se

Na ternura de um sorriso.

 

Foi então que percebi,

No fascínio deste olhar,

Um milagre de amor:

Estás apaixonada por mim,

Que nunca ousei confessar-te,

Mas morro de amor por ti.

 

 

                 Antenor Rosalino

quinta-feira, 28 de março de 2024

A VOZ DO CORAÇÃO

 

 

Nos momentos aflitivos,

quando a alma sôfrega

aventa no labirinto dos pensamentos

as lágrimas de dor,

uma voz se faz ouvir:

é a voz do coração

- refrigério súplice das

profundezas do nosso âmago -,

que ecoa em transcendente bênção divina,

insurgindo corolários de um destino

que induz ao enternecimento vívido

da ternura de um frouxel de ninho.

Essa voz, quando ouvida,

transmuda as chagas em cicatrizes

e o exaspero do pranto e da saudade

em lágrimas vindouras de esperança

na inovação da felicidade

esquecida e postergada.

 

                     Antenor Rosalino

 

 

 

quinta-feira, 14 de março de 2024

DEMAGOGIA



Vê?

É vil.

Camufla piedade

Aos mais necessitados.

 

Chovem promessas...

Estratagemas loquazes

Enígmas de toda sorte,

Arautos de sua luz.

 

Girândolas, afinal, enunciam:

Fora eleito!

Cobranças logo virão,

Mas serão nuvens passageiras...

 

Esquece as distantes plagas,

Onde tanto estendera as mãos.

Só resta à inocente plebe:

Dar adeus às ilusões.

 

          Antenor Rosalino


quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

LÁGRIMAS

 

   

Tanto pranto a formar pequenas pétalas,

A correr em faces maculadas, dóceis, angelicais...

Como uma lança ferindo corações

Que padecem e suplicam em seus ais.

 

Desatinos, incompreensões, amarguras...

Vidas vazias, mas cheias de ternura

Tantos motivos levando ao desconsolo

Mas tantas razões para a esperança vindoura.

 

Lágrimas ardentes que fluem e deslizam.

Sufocam e caem deixando rastros hostis,

Como a brincar com tão puros sentimentos,

De sensibilidades puras e infantis.

 

Oh! Murmúrios cálidos que sufocam...

Quietude ímpar de aflição!

Gotas que externam a explosão interna

A lembrar passiva: os deslizes, a dor, a ilusão...

 

Entre suspiros sentidos

Vagueiam confusos pensamentos a torturar:

Arrependimentos, desejos, sonhos desfeitos...

Fazem-se presentes em cada terno olhar.

 

Olhares a reluzirem como as próprias lágrimas,

A suplicar o que só a esperança traz.

O amanhã será novo dia:

Que todo pranto se reverta em paz.

            

                          Antenor Rosalino

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

O MORIBUNDO


A manhã está triste.

O sol apareceu brando e tímido.

O enfermo agonizante

luta contra a morte

no leito hospitalar!

 

Com o corpo extático

e o olhar distante

- como a buscar guarida

no horizonte -, pressente que

a eternidade se avizinha...

 

O coração inconsciente

ainda pulsa, e, por um instante,

num denodado esforço, tendo

os lábios semiabertos, exclama:

“Só em lembrar dos bons momentos

vividos já valeu a pena ter nascido!”

 

E expira, por fim,

num funesto murmúrio,

o fatídico adeus final.

 

                 Antenor Rosalino

sábado, 3 de fevereiro de 2024

RIBEIRÃO BAGUAÇU




    Em pequena mina de rocha

    No noroeste paulista

    Em divisa de cidades

    Nasce o ribeirão Baguaçu.

 

    Abrindo suas vertentes

    O manancial desce mansamente,

    Enfeitando as ribanceiras

    Alegrando a solidão!

 

    Suas águas banham o solo

    Da bela Araçatuba

    E segue sua jornada

    Entre atalhos e espinhos.

 

    Não se opõe às intempéries

    Nem tampouco às angusturas,

    Segue altivo o seu percurso

    Num exemplo de candura.

 

    O sol abraça o seu seio

    Que reluz fosforescente,

    Espelhando as matizes

    Do seu curso permanente.

 

    No final dessa jornada

    O rio Tietê o acolhe

    Retirando-lhe os espinhos

    E eternizando em saudades

    Seu misterioso destino.

 

 

                  Antenor  Rosalino