sábado, 27 de julho de 2013

ARAÇATUBA ANTIGA



                                                                     



 Voltando o pensamento às memórias incrustadas ao longo da minha existência, revivo em sonhos, nitidamente, com uma nostalgia que enternece a alma, os primórdios do surgimento da minha cidade natal, e busco expressar a mais pura sentimentalidade latente no meu coração esmaecido pelas antigas lembranças da “Terra dos Araçás”, a minha querida Araçatuba.
  Volvendo os olhos às fotos amareladas pelo tempo não posso conter a emoção advinda de tantos exemplos de trabalhado árduo dos fundadores visando o progresso que hoje, ostensivamente se apresenta com indescritível beleza e formosura.
  Desde os mais remotos tempos da tímida estaçãozinha de trens, em que os entraves com os indígenas eram inevitáveis, passando pelas primeiras construções de casas, abertura de ruas, vielas e os locais destinados às praças, onde os passarinhos esvoaçantes sobejavam acrobacias e as flores e árvores balançavam na aragem, no meu imaginário balançavam igualmente os corações dos trabalhadores na esperança que faiscava em cada olhar.
  E o progresso veio pouco a pouco traçando os rumos daquela que viria a ser a capital da noroeste do Estado de São Paulo. A sua história traz perfis de abundância, pois havia por aqui uma infinidade de pés de araçás, de cuja fruta a cidade herdou o nome Araçatuba.
    O início das primeiras escolas, a igreja matriz, o comércio, os primeiros prédios públicos, são construtos que transmitem pureza de sentimentos nostálgicos sem iguais, e se eternizam na saudosa memória dos seus moradores.
 Algumas curiosidades emolduram a história da cidade, como por exemplo, o fato de ter sido ponto de concentração da tropa noroestina do Movimento Constitucionalista, a corporação de bombeiros voluntários foi a primeira no Estado, liderou por algum tempo a plantação nacional algodoeira, foi também pioneira em todo o interior paulista, a usufruir do benefício do asfalto, daí a razão de ser cognominada “Cidade do Asfalto”, além de outros cognomes dos quais fez jus, como “Capital do Boi Gordo” e “Cidade indicada para grandes investimentos”.
  Não posso calar-me ou deter-me indiferente a uma observância de fina melancolia que invade o mais profundo do meu íntimo quando passo pelo local da antiga estação ferroviária de tantos encontros e desencontros, chegadas e despedidas que faziam os olhares marejarem de alegria ou de tristeza, e vejo o lugar transmudado numa eterna estação de imorredouras saudades.



Autoria:   Antenor Rosalino

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PRECES NA ALVORADA




                       
                              


No suave frescor da alvorada,
Ouvindo o gorjeio dos galos,
Embriaga-me a brisa orvalhada
Nos meus sonhos rememorados!

Com o olhar distante,
Busco guarida no infinito;
E tudo pára neste instante
De lenta e leda divícia!

Nas colinas verdejantes
Os arvoredos flamejam!
Nesta diáfana alquimia,
Minhas preces se elevam!

Unificado ao Cristo, em prece,
Postergando suspiros ao léu,
Sigo em veredas serenas
Galgando os degraus do céu!



Autoria:  Antenor Rosalino

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ALMAS SÔFREGAS




                   
                              


O negro asfalto crepita
Sob os passos angustiantes
Da plebe que se aglutina e,
Destemida, solta as voz cansada
De ostensivo descontentamento,
Num apelo de dor à justiça!

Contrapondo-se aos alaridos,
Os detentores do poder, calmamente,  
Desfilam sua prepotência
Pelos tapetes palaciais,
Fingindo nada presenciarem.

Uma pergunta não cala:
Serão os oprimidos ouvidos algum dia?
Ou serão reprimidos, perseguidos
E mesmo mortos sem digladiarem?

Com os olhos rasos d água
E as mãos unidas, em prece,
O proletariado espera
O alvor de nova aurora!

Que o voto consciente em massa
Do raiar de nova era,
Afugente as bridas que enlaçam,
Assombram e entorpecem!



Autoria:  Antenor Rosalino

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O TRABALHO



                  
                              


Trabalho, fonte de proezas:
Lado a lado com a natureza,
Implanta no solo a riqueza!

As produções são os frutos
Da harmonia plena presente
Na oferta condizente
Com a procura aquiescente!

Evoluções científico-tecnológicas,
Estruturação e funcionamento...
Reflexões e árduo labor:
Gama consciente do trabalhador!

Nos movimentos operários,
A forma altruística de pensar
Valores e práticas políticas
Para o bem estar social!

O trabalho é como o Universo:
Não pára sequer um instante...
Tarefa que dignifica
E abençoa a humanidade!

Semente que a terra fecunda
No solo arado pelo tempo...
Reflete suores caídos
Na luz do sol e da lua!



Autoria:  Antenor Rosalino

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sábado, 20 de julho de 2013

Acrósticos entre amigos




                                     


O acróstico abaixo foi me dedicado pela
 querida amiga e poetisa
 Diná Fernandes

           Amigo e sempre atencioso
           Não sei muito sobre você, sei apenas que...
           Tens o excelso dom da palavra,
           E verdadeiramente encanta-nos.
           Nos versos derrama sua verve
           Os seus devaneios escorrem pelos dedos
           Recriando, e literalmente enriquecendo-nos!

           Rasga o verbo, alma e o coração
           Oh! Meu estimado amigo
           Salve, salve as sensórias confissões
           A sensibilidade é sua marca, e a divina
           Luz que ilumina e lhe traz inspiração, e que
           Inunda o seu  poético  céu de poesias .
           Nada lhe causa tanto prazer como escrever e
           O esbanjamento de emoções que borda a folha branca


Acróstico em retribuição e agradecimento
à amiga Diná Fernandes:

        Diamantinos e exuberantes são os versos
        Irretocáveis da Poetisa da Paz, Diná Fernandes.
        Nas suas vísceras feitas de amor e poesia perscruta-se
        Alvissareiro porvir de singelezas inebriantes que falam ao coração!

        Fecunda inteligência norteia os seus passos
        E a eleva ao esplendor do ápice que
        Rebusca no raiar do sol de cada dia
        Novas inspirações e sentimentos líricos,
        Aspergindo um reflorir de encantamentos,
        Naturalmente emanados com os seus predicados que a
        Divinizam merecidamente e sempre mais!
        Em momentos de cálida ternura, absorvo as entrelinhas que
        Seu engenho poético galhardamente irradia.



      Autoria: Antenor Rosalino e Diná Fernandes

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terça-feira, 16 de julho de 2013

ÍDOLOS


                                       
                               

Fecho os olhos. Voejo na imensidão inusitada
Dos ídolos que enfeitaram a minha existência.
Palcos alcatroados onde a magia vicejava...
Sob olhares vívidos, inocentes,
De platéias que em delírios aglutinavam-se.

Enfeitando a vida, os ídolos constroem
Alvissareiros sonhos sublimados:
Sonhos encantados de inocência
Que, no pulsar breve do tempo,
Constroem pouco a pouco, a dura realidade!

Seres visíveis em talentos e emoções,
E, ao mesmo tempo, invisíveis
Nas formas frágeis da ilusão!

Imortais em nossos pensares,
Deuses, divas, fulguram-se como as estrelas!
E como meteoros cadentes,
Dissipam-se ao apagar das luzes
Nas ribaltas reluzentes!



Autoria:  Antenor Rosalino

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Criador ou criatura?



                                                       


                            Quando acabo de compor, nem sei quem sou.
                            Eu que vinha escrevendo sem parar,
                            Que não ligava nem um pouco pro azar,
                            De repente me confundo com meu verso,
                            Não sabendo o errado ou o certo.

                                             Ana Maria Carvalho

                            Assim, com a indiferença permeando o meu ser,
                            Trago nas vísceras as lembranças mais queridas
                            Das minhas letras pensantes nos momentos vividos,
                            Em que a plena paz insurgia e a inspiração aflorava!
                            E hoje, entre penumbras tristes,
                           Os meus olhos taciturnos já não possuem mais lágrimas.

                                               Antenor Rosalino

                           Seca de lágrimas e vestida de palavras,
                           Já não sou quem eu disse que era.
                           Sou, quem sabe, uma sombra que passou
                           Para um poeta qualquer..., uma doce quimera!

                           Por isso pergunto:
                           De quem são os versos meus?
                           De quem eu roubei a inspiração?
                           Ou, se eu sou a própria criatura,
                           Quem me compôs então?

                                           Ana Maria Carvalho

                           Revestindo a cada dia
                           Das palavras que palpitam em minhas entranhas,
                           Vou seguindo a minha sina
                           Entre veredas tristonhas!

                           As indagações são tantas...
                           O meu futuro é incerto, atemoriza!
                           Já não procuro ocultar o meu viver de fantasias
                           Em que as ilusões do ocaso
                           Transformaram os meus sonhos
                           Na incógnita do meu mundo
                           E minhas inspirações inebriam
                           As tardes azuis do outono.

                                                 Antenor Rosalino



Autoria: Antenor Rosalino e Ana Maria Carvalho

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NAVEGANTES



                       
                                


No eflúvio das ondas de cálida ternura,
Navegam os corações uníssonos.
E na âncora do amor se entregam
Entre matizes sob o ar flumíneo!

Um marinheiro guia
Os destinos da mocinha
Pelas ondas do mar do amor,
No esplendor da maresia!

A natureza festiva
Desenha proezas, fulgores...
Os pássaros entoam hinos!
Fulguram-se olhares de amores!

Peregrinos navegantes!
Devastam mares longínquos...
São seres que buscam luzes
Nos abissos oceânicos!

Foram por Deus escolhidos
A seguir o mesmo caminho,
Em corpos e pensamentos unidos
No sonho azul do infinito!

Na brisa do cais distante,
O crepúsculo se faz dolente...
Os corpos então se enlaçam
Dando adeus ao sol poente!



Autoria:  Antenor Rosalino

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A ESCRIVANINHA



                         
                                   


Na solidão das horas breves e calmas,
A escrivaninha acolhe, pacientemente,
O jorrar dos meus ideais!
A aquiescência de sua quietude
Inspira-me o aspergir
Dos pensamentos latentes
De amor e poesia,
Transbordantes do langor
Presentes no meu pensar!
                                                 
Aninham-se os pensamentos
Neste recanto de luz:
Morada dos meus escritos
E sussurros traduzidos
Em doce poetizar!

Não imagino o viver
Sem a cálida mudez
Da escrivaninha presente
No marejar dos olhos meus,
Descortinando os reflexos
Do mais íntimo do meu ser.



Autoria:  Antenor Rosalino

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MARIAS

             

     
                    
                                               



Dormem o sono interminável
Da paz suspirada!...

São como flores silenciosas e perfumadas,
Revestidas de frágeis pétalas,
Trazendo em seus corpos florídeos,
O encantamento das orquídeas,
Das margaridas...

Disseminam no rosário da existência,
Sonhos resplandecentes
De esperanças redivivas!

Rompendo espaços e elipses,
Abrem-se ao sêmen e ao pólen,
Escorrendo-se em Marias...

Em suas luminescências,
São todas elas:
Marias de santas,
Das graças, das dores,
Mas, sobretudo, além de tudo:
Marias de amores!



Autoria: Antenor Rosalino

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sábado, 13 de julho de 2013

O SERESTEIRO





                                               

                  

Homenagem ao
Grupo Amigos da Seresta
De Araçatuba.


                                                Com o olhar complacente
                                                Em miríades de estrelas,
                                                O seresteiro se entranha
                                                Na poesia plena presente
                                                Do plenilúnio que abriga
                                                As suas canções dolentes!


                                               Predestinado por mãos divinas,
                                               Encanta multidões...
                                               Energiza-se a luz do prado
                                               Nas serestas que arrebatam
                                               Corações esmaecidos
                                               De saudades incrustadas!


                                               Sob o prisma do luar afável,
                                              O seu coração nostálgico
                                              Busca revelar o belo...
                                              E os acordes acontecem
                                              Nas canções que fazem eco
                                              No altar dos campanários
                                              E nas montanhas em prece!


                      Autoria:   Antenor Rosalino

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VIAJORES



                                      
                        
 
                                Escondendo vestígios e sonhos ocultos,
                                    Amanhece o dia, ostentando respingos de orvalho
                                    No negro asfalto e nas selvas de concreto.

                                    A população cumpre o seu círculo dial,
                                    Utilizando os meios de transportes,
                                     Tomando rumos diversificados ao lazer e ao trabalho.

                                     A necessidade urge nos olhares orvalhados:
                                     Correrias de gente que vem e vai               
                                     E, por fim, o assento e a espera
                                     No banco trêfego sobre grandes rodas!

                                     Às vezes, freadas bruscas, inesperadas...
                                     Mas os passageiros seguem:
                                     Cumprindo o seu rosário por meios
                                     Terrestres, marítimos, aéreos...

Nas viagens próximas ou longínquas,
                                     Criam-se elos gratificantes e imorredouros!
                                     A cada viagem uma história:
                                     Indefinições disseminadas de alegria ou de dor.



                                     Autoria:   Antenor Rosalino

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DESENCANTO




                          


                                Uma voz se cala!
                                 Um coração despedaça-se...
                                 Os sonhos vãos fragmentados
                                 Em elipses nos luares!

                                 A noite emudeceu tristonha...
                                 Níveas orquídeas murcharam-se!
                       Constantes deslizes ceifaram
                                  Ternos sonhos estelares!

                                  Em veredas de saudades,
                                  Mesmo entre lágrimas de dor,
                                  Sou teu escudo invisível
                                  Na fonte oculta do amor!

                                  Num aceno derradeiro,
                                  Fecho as pálpebras em prece
                                  E como um milagre eu a vejo
                                  A buscar-me em meio às trevas!



                                  Autoria: Antenor Rosalino
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LAÇOS

  
           


Laços de afetos
Sentimentos ilimitados...
Doces palavras – longos abraços!
Corações desrritmados!

Braços abertos a espera
Do retorno festivo almejado
Na alegria inocente que encerra
Tons de amor sublimado!

Incontidos sentimentos
De ternuras em sufrágios
Vozes ressoam súplices
E felizes entre lágrimas!

Olhares reluzentes...
Passarinhos fazendo festa
Num céu de raro esplendor
Com o sol se abrindo em frestas!

Suspiros externados
Mãos que animam e protegem
Escudos mágicos invisíveis
Que nos seguem lado a lado.



Autoria:  Antenor Rosalino

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