domingo, 27 de setembro de 2015

MINHA CIDADE




                                                                     




Araçatuba é minha cidade. Aqui nasci, mais precisamente, na Vila Mendonça – área quase central -, mas, naquela época, ainda empoeirada sem o asfalto a cobrir todas as suas largas ruas.
  As lembranças são vívidas do quintal arborizado de minha casa,  da vizinha amiga, dos colegas e das travessuras tão hilárias e inocentes a se confundir com as próprias lendas infantis que, ainda hoje, permeiam a minha memória.
  Já vai longe o tempo em que passavam, por minha rua, procissões iluminadas. Os santos e santos em seus andores carregados por fervorosos e denodados fiéis, pareciam estar, verdadeiramente, presentes, levitando em magia para o céu estrelado em noites de plenilúnio.
  Quantas saudades da capelinha, hoje, Igreja “Bom Jesus da Lapa”, contrapondo-se, naquela época, aos carnavais que emocionavam, não pelo luxo e riqueza, embora houvesse algum glamour, mas pela espontaneidade, alegria e criatividade dos foliões.
  Assim como cresci, minha cidade também cresceu, mas ainda trago nas vísceras os horizontes fecundos deste solo abençoado, berço de saborosos araçás, frutas das plantas mirtáceas, genuínas da América, que originou o nome Araçatuba, cidade indicada para promissores investimentos e que se agiganta com a exuberância de seus arranha-céus sob a luz dial do seu sol fulgurante e em suas noites de esplendor à luz de estrelas rútilas.
  As matas virgens de outrora, habitat de acrobáticos passarinhos multicores e as tribos de índios Caingangues, deram lugar às plantações cafeeiras e ao desbravamento, trazendo os primeiros sinais do progresso que se alojou.
  Muitos são os motivos para orgulhar-me deste rincão onde nasci: Araçatuba foi ponto de concentração da tropa noroestina do Movimento Constitucionalista.
Liderou com galhardia a plantação nacional algodoeira, tendo ostentado também em seu leito aquiescente, as plantações canavieiras e a pecuária alvissareira, razão pela qual, foi lhe atribuído o cognome de “Terra do Boi Gordo”. Foi também cognominada “Cidade do Asfalto”, por ter sido a pioneira em todo o interior paulista a usufruir do benefício do asfalto, tão essencial em nossas vidas.
  Fulgura assim, decantada essa terra abençoada, que se desponta, inclusive, nas artes, principalmente através de seus grandes literatos, poetas e músicos.
  Por aqui, as árvores em suas avenidas espraiadas balançam, e, dos arvoredos, caem pétalas no chão, reluzindo encantamentos ao pôr do sol no verão.



Autoria:  Antenor Rosalino

Imagem da internet


sábado, 19 de setembro de 2015

É TEMPO DE ESPERANÇA


                                       



Os meus olhos são janelas abertas
A clarear cantos escuros,
Buscando colorir o mundo em frestas
De aquarelas vivazes pelos caminhos mais puros!

Visualizo flores e passarinhos
Cruzando os pontos cardeais
Quando, na calmaria das ruas sem desalinho,
Sinto no âmago dissipar da vida os seus ais.

É tempo de esperança e de repensar...
E nesse tempo eu me encontro
Com o ardor benfazejo de condensar
Um porvir de amor, dstante dos desencontros.

Mesmo voejando por mundos errantes,
Aninha-se o ardor da fé no porvir,
Como flor que renasce na mente pensante,
Norteando-nos sempre para o devir.

Esculpido em magia pela fé eterna
No Criador, e polinizando antevisões,
Visualizo a vida sempiterna
De inventos fantásticos e régias missões.



   Autoria:  Antenor Rosalino


   Imagem da internet







domingo, 13 de setembro de 2015

OS FILÓSOFOS



                                                                   
                                                     


                                   As mutações circunscrevem nossas vidas,
                                   Assim como as hipóteses povoam lancinantes
                                   As mentes dos filósofos em suas dialéticas
                                   De busca pelas verdades intrigantes.

                                   A semântica pura e a precisão exata do saber
                                   Às vezes são ilusórias, e a certeza plena do presente
                                   Sempre se afigura incerta no amanhã,
                                   Provocando inovações e sonhos diferentes.

                                   A filosofia renasce, então, a cada dia, evocando luzes,
                                   Como a poesia do alvor nas manhãs ensolaradas,
                                   Deixando no ar interrogações que se redesenham
                                   Nas mentes buscadoras da precisão acalorada.

                                   Em seu estro lastro e abnegado,
                                   Os filósofos, incansáveis, conquistam o mundo,
                                   Como fizeram os pitagóricos, estóicos, epicuristas...
                                   E sobrevivem permeando hipóteses em magnetos fecundos.

                                   Quando a filosofia é vazia, o homem se perde
                                   Descrente do progresso espiritual latente
                                   E os mistérios se avultam entorpecidos,
                                   Deixando a vida ignóbil e todos os sonhos cadentes.



Autoria:  Antenor Rosalino

Imagem da internet

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O OBSCENO NA LITERATURA

                   
                                                               
                                                            

  Nos dias atuais, não são raras as vezes em que lemos textos de vários gêneros, em que o autor utiliza termos pejorativos, num acintoso incentivo à obscenidade. Evidentemente, a liberdade de expressão é algo extremamente relevante e necessita ser preservada tanto quanto a correta escrita das palavras, mas é notória a imensa dimensão desta tendência literária que se avulta sempre mais.
  A educação sexual deve ser iniciada em tempo hábil, com base nos preceitos divinos da procriação e na prática do sexo salutar e seguro entre pessoas afins, devendo ser visto como algo natural dentro dos ditames da respeitabilidade que é de fundamental importância para que haja confiança e o contato seja prazeroso para o casal.
  Entretanto, a maneira pela qual são feitas muitas alusões sobre sexo, estas não instruem, e trazem apenas desvãos de péssimo gosto, denotando imaturidade de quem escreve, falta de respeito humano e até mesmo, por trás do contexto, certa carência afetiva camuflada em tons de deboche.
  Aparentemente, os maus exemplos disseminados impregnam muito rapidamente na visão e mente dos jovens, formando uma corrente sombria e paralisante para o futuro. É tempo, portanto, de se fazer uma pausa para reflexões mais aprofundadas neste sentido. Não devemos banalizar algo imanente da natureza humana e para cujo fim fomos criados.
  É notório, em muitos casos, o autor fazer gracejos neste sentido, visando se tornar simpático e engraçado, e como estes assuntos sempre causam curiosidades, principalmente aos menos experientes, são intensificadas as insistências e o escritor que deveria deixar exemplos para a posteridade acaba por disseminar frivolidades, deturpando a Língua Pátria, desconsiderando o fato de que, a ele, escritor, cabe, fundamentalmente, a expressividade dos sentimentos do povo em suas reflexões sobre si mesmo e o mundo, para a construção, sob todos os ângulos, de um viver harmônico, com a mente liberta das paixões deploráveis e inconseqüentes.
   Não sou contrário a tais palavreados, desde que usados na medida certa e em momentos oportunos, mas tenho observado a utilização de tais vocábulos com exagerada freqüência e, sobretudo, de forma totalmente desprovida de nexo, sem qualquer fundamento ou razão de ser exteriorizados. Tais autores haverão de perceber, cedo ou tarde, de que a frivolidade só cativa espíritos levianos e este não é o melhor uso que poderão fazer de suas tendências literárias para que as mesmas perpetuem glorificadas na mente dos leitores como as obras imortais dos grandes sábios.



Autoria:  Antenor Rosalino

Imagem da internet