domingo, 17 de janeiro de 2016

TRANSCENDÊNCIA




O silêncio é profundo.
Toda a Terra parece flutuar
Numa atmosfera solitária
Como jardins encantados
Em continentes perdidos.

A ausência nefasta
Desperta lamentos
Na trajetória inglória
Onde os suspiros se enleiam
À sombra dos ventos.

A brisa suave traz perfiz de encanto
E mergulho na fonte oculta e cristalina
Dos teus mistérios para tocar, delicadamente,
As entranhas da quietude que se faz perene
Em teus segredos de mulher.

Transcendentes ilusões
Descortinam-se nos arrebóis de cada dia,
Antes de a noite chegar com seu fascínio,
Em que as crisálidas flutuam na cidade adormecida
E as estrelas devolvem a realidade esquecida.


Autoria:  Antenor Rosalino
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sábado, 9 de janeiro de 2016

MORRE UM RIO





A quietude da cidade é fúnebre.
Sangra o coração dos munícipes,
Tanto quanto o rio de antigas águas cristalinas
E que agora se transmuta
Em caudal leito de lama!

Os sonhos se desfazem
E um torpor turva a visão dos filhos
Da terra desolada que cega os olhares
Atônitos e desesperançosos
Perdidos em espirais de tristeza.

Adeus, Rio Doce...
Negaram-te a vida que fluía abundante,
Atraída pelo silêncio da natureza
Em relances de sublime encanto.
E hoje, o teu trajeto é ritmado em pranto.

A negligência do homem foi fatal
Para o desmoronamento da barragem
Já tão fatigada pelo tempo.
E agora, tudo se desfaz: construções
Erguidas em suores, plantas e animais.

Fica a sensação estranha
De um céu esgotado por névoas difusas.
Nada mais fascina,
Apenas um silêncio fúnebre
Marca o calendário da natureza finda.



Autoria:  Antenor Rosalino

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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

REFLEXÕES


                                         


Segundo Nietzsche, “o budismo nada promete e tudo cumpre, enquanto o cristianismo tudo promete e nada cumpre”.
  Penso que, tanto uma quanto a outra prometem a paz mundial se forem seguidos os seus preceitos. Acontece, porém, que a maioria dos seguidores de ambas as religiões, principalmente a cristã, não seguem os seus ensinamentos ou, o que é pior, deturpam e até desonram a essência da religiosidade.


  A vida nos ensina que, quanto mais sapiência adquirimos, mais nos conscientizamos do quanto temos a aprender.
 

  O tempo não muda. Nós é que devemos transmutar nossos pensamentos para o bem. E que pena vermos tantos de nossos irmãos se perderem na mesmice do próprio tempo. 


   Toda satisfação pessoal e todas as grandes
  conquistas da humanidade, são frutos das
  sementes de esperança e dos sonhos disseminados
  e nunca abandonados.
    As conquistas são proporcionais aos suores derramados .


  Na impossibilidade da realização dos sonhos contamos com o poder da imaginação para vivenciarmos o que desejamos e, através da mesma, encontrarmos formas de vida plena entre o impossível e a realidade presente.  


  O elogio aumenta a nossa responsabilidade no sentido de aprimorar nossos conhecimentos. A crítica, por sua vez, incita-nos
a repensar nossas vidas para possíveis mudanças de atitudes. Entretanto, quem critica precisa ter conhecimento de causa, sensatez e, sobretudo, fino trato.



  Mesmo entre mundos sombrios, os musgos se ostentam como as flores entre espinhos, exemplando-nos sobre a virtude de vivermos em quaisquer circunstâncias, sem nunca perdermos a serenidade e a compostura. 


Muitas vezes achamos que estamos perdendo tempo
Com alguém, quando, na verdade, sem sabermos,
Estamos sendo importantes para esse alguém.



POETA SÓ

Seguindo os ditames do meu coração poético,
E observando a natureza, os pássaros, o cocoricó...
Tornei-me este sonhador dúbio,
Somente um poeta só.



   Os poetas ostentam seu lirismo, não por vaidades pessoas, mas sim, pelo fato da poesia estar sempre latente em suas vísceras,
suplicando o momento de se exteriorizar.


  As sombras do tempo são névoas que se vão mas deixam marcas indeléveis de alegria ou de dor que o próprio tempo se encarrega de amenizá-las de acordo com a profundidade do sentir de cada um.



Sondando os versos, o poeta segue o seu destino de inquietação em busca do perfeccionismo e isso o torna diferenciado e às vezes, incompreendido, mas, sem dúvida, é um ser que enfeita ou procura enfeitar  a vida.



Que nome poderei dar a esse vazio misterioso e triste
Que vez por outra invade o meu ser?
Por que a madrugada me fascina?
E qual o porquê desse sentir de tão estranha felicidade
no crepúsculo do entardecer?



  Sem os poetas, a humanidade perderia a
visão da substância universal em seu fulgor
de sublime encantamento.


 A morte é inevitável para todos, e o que
melhor podemos fazer em nossa breve
existência terrena não são honrarias ou
glórias, mas sim,  deixarmos exemplos
dignos de ser seguidos. Isso sim é o que
torna um homem imortal. 



  O tempo veloz e breve não nos faculta o direito
de interrompê-lo e isso parece fazer com que os
poetas e poetisas em suas angústias se inspirem
ainda mais.


   A fisionomia retrata os sentimentos; e os animais que não falam traduzem isso com muito mais intensidade em seus semblantes de mistério e ternura.

As circunstanciais ausências físicas, as diferenças sociais, financeiras e quaisquer outras adversidades, por maiores que sejam, não são suficientes para desfazer o laço de fita de uma amizade sincera, predestinada à eternidade.



 As provações por que passa o poeta são camufladas em sorrisos e em versos magistrais que transmutam a realidade para um mundo de sonhos irreais. 


Às vezes é preciso ousar e mudar o modo de ver a vida. Até mesmo, apenas olhar o circunspecto para compreender a dimensão da beleza universal.



Entre encontros e desencontros,
 a vida segue ininterrupta,
e o amor acaba sempre deixando
a bruma invisível e aromatizante
da felicidade vivida e postergada.


Tal qual a alegria e a dor que, de tão próximas, por vezes choramos de alegria, o ódio também insiste em permear o amor, mas este sempre haverá de triunfar esculpido e decantado pelos ocasos da vida.


 Muitos são aqueles que têm fé inquebrantável no Criador.
Outros, porém, negam essa fé e ainda existem aqueles que
têm dúvidas. Mas acredito que todos, um dia, cada qual à
sua maneira, deverão aproximar-se de Deus.

A fúria da paixão sempre se dissipa como nuvens de outono. Somente o amor, na medida certa,  é que transcende e chega ao céu num encanto.


O sorriso amarelo prenuncia o triste fim, mas sempre há esperança antes do apogeu do desencanto. 



Que o adeus nunca seja o fim de experiências vividas com intensas emoções,  mas uma nova etapa das recordações mais queridas.


Estar perto não é algo físico. É muito mais que isso.
Trata-se de união de almas que se identificam
E essa união é tão sublime que transcende.




Autoria: Antenor Rosalino

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