sexta-feira, 17 de novembro de 2017

SOLIDARIEDADE


                                       
                                                         
  Os pés cansavam sempre mais. Não sabia ele por quanto tempo poderia ainda caminhar. À sombra de uma árvore, observava os arranha-céus e se lembrava dos tempos em que a grande maioria das casas tinham varandas aconchegantes, diferentemente de hoje, em que os espaços deram lugar a muros altos e grades de ferro, pois as pessoas precisam se proteger.
  Após alguns minutos de contemplação continua o andarilho a sua caminhada, banhado pelo suor e em desarmonia com seus próprios passos. Carrega um carrinho com algumas bugigangas sendo, em sua maioria, papéis e caixas de papelão que recolhe em lugares diversificados para vendê-los. É o seu sustentáculo.
  Chega o fim do dia e o pobre homem, desprovido pela sorte, quase nada conseguiu. O dia fora improdutivo e suas pretensões de ganhar um pouco mais para o sustento começavam a desvanecer-se.
  O crepúsculo vespertino despontava trazendo um lânguido e suave enternecer. Logo seria noite e, mais uma vez, muitas perguntas lhe vinham à mente: - “o que teria feito de tão condenável para merecer viver assim?” – indagava de si para si olhando as fachadas das casas e as portas do comércio já se fechando. Vez por outra pensava em desistir da vida, mas lembrava-se das lições que recebera dos pais para nunca desistir, por maiores que fossem os obstáculos e adversidades, os quais, existem justamente para serem transportados e que o sofrimento depura a alma.
  Caminhando um pouco mais, eis que, de repente, presencia um acidente. Um motorista alcoolizado atropela uma senhora idosa e a deixa caída no asfalto, fugindo em seguida, sem prestar socorro. Imediatamente, o catador de papel vai ao encontro da mulher ferida, observa que ela está viva e faz menção para que os motoristas e transeuntes parem o tráfego e implora para que chamem o socorro médico. A sua aflição e solidariedade era tanta que, ao correr em direção à vítima, não se lembrou de ter deixado o seu carrinho um pouco distante do lugar devido, e outro veículo que passava atingiu, em cheio, o seu único instrumento de trabalho.
  O homem não se desesperava, mas não poderia deixar de preocupar-se  e pensava: - “E agora, o que fazer?”.- Entretanto, o que mais lhe importava naquele momento era ver a velha senhora recuperar-se do susto e dos ferimentos.
  Alguns minutos depois, chegou a ambulância. Foram prestados os primeiros socorros e a mulher foi levada ao hospital, sem antes perguntar com esforço o nome do pobre homem que, prontamente, providenciou para que ela fosse retirada dali com vida e medicada. E assim, indagou: -
  - Qual é o seu nome? –
  - Chamo-me Felisberto. E a senhora?
  - Florinda.
  Dizendo isso, imediatamente a vítima foi colocada na ambulância e partiu com destino ao hospital.
 Logo ao chegar, foi reconhecida por um amigo a quem ela pediu que procurasse o tal de Felisberto e o ajudasse no que fosse possível. Esse amigo fez comunicou à família sobre o ocorrido e procurou Felisberto no local do acidente. Ele ainda estava ali pensando no que fazer, ao lado carrinho que teve uma das rodas arrancadas.
  Esse amigo aproximou-se no afã de ajudar e, para maior surpresa de Felisberto, o rapaz era filho de um rico fabricante de papelão, proprietário da própria fábrica para onde se destinava todos os materiais que ele recolhia na sua triste rotina.
  Felisberto foi admitido na fábrica e sua vida se transformou como um milagre igual àqueles que ele nunca deixou de acreditar. Para ele, foi uma resposta divina. E fica a lição: as sementes de benevolência que disseminamos poderão se perder, mas se uma só brotar perfumará nosso caminho por toda a eternidade.

Autoria:  Antenor Rosalino

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segunda-feira, 18 de setembro de 2017

E AGORA, JOSEPH?



  Durante a realização de uma das mais famosas e tradicionais exposições agropecuárias do país, que reúne grandes pecuaristas até do exterior, um fazendeiro expositor, já dentro dos seus setenta e três anos de vida, estando à sós num determinado momento observando melhor o ambiente diversivo, visualizou uma linda jovem esbelta, de olhos esverdeados aparentando não mais que trinta anos de idade. A moça não estava acompanhada; usava calça jeans e blusa azul clara rendada, o que tornava ainda mais belo o seu corpo escultural e o balançar do seu andar calmo e extremamente sensual. Ao vê-la entrar numa lanchonete próxima onde pediu um refrigerante, o fazendeiro, encantado, aproximou-se da moça e foi logo se declarando:
   - Boa tarde, sou Joseph. Posso saber seu nome? – Entreolharam-se por alguns segundos e, prontamente, a jovem respondeu:
  - Joanita. Você é expositor?
  - Sim – arrematou Joseph. – Deram-se as mãos e prosseguiram a conversa com interrogações recíprocas.
  Joseph, tal qual Joanita, não possuía educação apurada, mas o ancião demonstrava ser bem humorado. Era divorciado e deu a entender à jovem que era possuidor de muito dinheiro. Isso bastava. Era tudo o que Joanita sempre quis.
  Marcaram novo encontro e iniciaram um namoro que, para ele, era arrebatador.  Joanita, por sua vez, só se interessava por dinheiro. Os encontros foram se sucedendo e, quando ambos estavam juntos, Joanita não se preocupava em comportar-se como uma dama e tinha o hábito de lançar olhares maliciosos e interesseiros a qualquer rapaz que lhe despertasse alguma atenção.
  Certo dia, Joanita apresentou sua melhor amiga ao fazendeiro. Os três passearam, conversaram animadamente, mas logo Joseph teve de deixá-las devido aos compromissos.
  No dia seguinte, Joanita dirigiu-se a um banco com a mesma amiga. Coincidentemente, Joseph também foi ao mesmo banco e, a princípio nas as viu. As duas amigas desceram de um elevador e Joseph de outro. Ao reconhecê-las, Joseph apressou os passos para lhes dirigir a palavra, mas foi o tempo suficiente para que ouvisse a amiga dizer a Joanita:
  - E você, amiga, vai conseguir ficar com aquele velho feio? – Joseph, decepcionado, deteve-se para não ser reconhecido e não lhe foi possível ouvir a resposta de Joanita.
 Passaram-se os dias. Joseph nada comentou a respeito do episódio que o deixara profundamente magoado e os encontros continuaram apesar dos mais de quarenta anos de diferença de idade entre ambos.
  Ao aproximar-se o fim da exposição, Joseph lembrou-se de que havia informado à Joanita que completaria setenta e quatro anos no último dia da exposição. O fim do evento estava chegando rápido e como a noite avançava e Joanita não o cumprimentava pelo aniversário, Joseph, entristecido perguntou à linda jovem:
  - Joanita, você seria capaz de esquecer o dia do aniversário de quem você gosta? – A resposta de Joanita foi firme e tácita:
  - Absolutamente não, Joseph. - E continuou: - Quem esquece o dia mais importante da vida de quem diz gostar é porque não gosta mesmo. Eu nunca me esqueço, nem mesmo do aniversário do meu cachorrinho, aliás, hoje é aniversário dele.



Autoria:  Antenor Rosalino

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quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O BEIJO


                                                               


O reinado labial
Em frenesi de êxtase
Transcende e se faz luz
Em misteriosas e belas
Experiências de vida
Pelo amor que o conduz.

A carência do beijo
Lateja nas células!
Os lábios carmesins
Se entreabrem à espera
Da partilha que enternece
O que a paixão apetece.

A ansiedade domina
Os corpos ardentes
Na volúpia do instante
Que eterniza as lembranças
Na amplidão dos luares
E nos perfume dos cântaros.

Suprema ternura
Que se apossa inefável
Das profundezas do âmago
E nos olhares risonhos
Onde as bocas uníssonas
Consolidam os sonhos.


Autoria: Antenor Rosalino

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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

AS LEITURAS DE MARIA


                                                             


 Descontraído, ao sair de um shopping, meu olhar se perdia pelo circunstancial até encontrar, na calçada, uma pobre mulher maltrapilha, acompanhada de um cachorro que demonstrava até alegria, contrapondo-se à tristeza estampada no rosto de sua dona.
  O que me surpreendeu e muito, foi o fato dessa mulher estar lendo um velho livro, entre as muitas quinquilharias ao seu redor.
  Comovido, procurei aproximar-me com o intuito de esperar por alguns instantes até que ela tirasse os olhos do livro para que eu pudesse lhe falar. Em poucos minutos isso aconteceu. Então, quando estava pronto para lhe dirigir a palavra ela me fitou com firmeza, mas demonstrando melancolia e disse:
  - Êta! Lá vem mais um pra debochá só porque tô lendo. – Ao mesmo tempo, foi posicionando-se para sair quando lhe interpelei, calmamente, dizendo:
  - Minha senhora, pelo contrário, gostaria de te elogiar, procurar saber o que estava lendo, saber o teu nome, enfim, a gente poderia conversar um pouco. Gosta muito de ler?
  Com essas palavras, consegui persuadi-la a ficar. Então, para minha surpresa, ela dirigiu-me longa resposta, afirmou chamar-se Maria dos Anjos e que a leitura era o seu maior prazer, pois a levava para o mundo no qual ela vivia de fato, distante da Terra onde as pessoas dificultam as coisas e deveriam ser mais caridosas entre si.
   Quanto ao livro, disse-me tê-lo encontrado no lixo assim como outros que possuía. Tratava-se do antigo livro de autoajuda: “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, de Dale Carnegie. É um belo livro que, como o próprio titulo diz, traz preciosos ensinamentos sobre o trato com as pessoas e o valioso poder de transformação que um incentivo pode proporcionar.
  Após a resposta, antes que eu pudesse saber mais sobre ela, ajudá-la de alguma forma, orientá-la para alguma entidade beneficente de assistência social, ela se foi de forma repentina, dizendo-me por fim: “o senhor é um homem bom”.
  Fiquei, então, pensativo imaginando o quanto me proporcionou reflexão aquele inesperado encontro. A misteriosa mulher tinha mistura de cabelos pretos e grisalhos, possuía ostensivas rugas, mas possuía traços bonitos, rosto angelical e olhos claros. O que a teria feito viver daquela forma? O que ela desejou dizer ao insinuar que seu mundo era outro? E como pode um livro tão valioso e ainda em bom estado de conservação ir para o lixo?
  Eram muitas as minhas indagações silenciosas, mas o que mais me intrigou foi o fato de que, ao mesmo tempo em que o livro fora abandonado por alguém, por outro lado, outra pessoa comprovava o quanto a leitura é valiosa e interessante, fazendo-a, até mesmo, voejar num mundo diferente. Ou Maria pertencia mesmo a outro mundo? São tantos os mistérios que nos permeiam...
E por muitas esquinas vagueiam tantas outras Marias dos anjos e santas, ao sopro do vento, esquecidas ao nada, como se estivessem apenas passeando pela Terra, sob a acalentura do sol e a luz do prado.


Autoria:  Antenor Rosalino
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sábado, 5 de agosto de 2017

LITERATOS DE ARAÇATUBA


                      
                                                



  Tendo participado de um evento simples, mas profundamente significativo, pois se tratava de um Varal de Poesias realizado pela Academia Araçatubense de Letras para homenagear o Dia das Mães, fiquei a imaginar como é gratificante ver idéias como essa terem o apoio necessário não só da comunidade, mas também dos órgãos públicos.
  Não podemos negar a necessidade de disseminação da cultura, seja qual for o segmento. É o único caminho para uma sociedade que deseja trilhar as vinhas do conhecimento e da sapiência mais cristalina e pura.
  Esse evento foi idealizado pelo professor e acadêmico Hélio Consolaro,  que também idealizou outros eventos e, sobretudo, fundou, há longos anos, um grupo destinado a  pessoas que gostam de literatura,  o Grupo Experimental, fomentado pela AAL - Academia Araçatubense de Letras. Acredito que esse grupo seja o único existente no Brasil. É freqüentado por pessoas compromissadas em aprimorar conhecimentos e desenvolver trabalhos literários. Além disso, o também professor e acadêmico Tito Damazo idealizou e vem brindando, com esse grupo, a coletividade araçatubense com brilhantes apresentações em saraus lítero-musicais, abrilhantado por jograis e até encenações teatrais, sempre enfatizando grandes escritores e poetas de nossa literatura.
  Esse maravilhoso grupo é composto por pessoas simples, dedicadas a disseminar o que aprendem em suas reuniões mensais, sempre acompanhados por um ou outro acadêmico, de cujo grupo já participaram muitos dos acadêmicos constituídos tanto do passado como atuais.
  Todos os acadêmicos contribuem com os propósitos da AAL visando sempre a difusão da cultura e preservação da Língua pátria e não são raros aqueles que conquistaram importantes concursos literários. Além disso, periodicamente, promovem brilhantes palestras gratuitas, algumas das quais são proferidas por escritores não acadêmicos. A AAL promove também, anualmente, o Concurso Nacional de Poesias “Osmair Zanardi”  e o Concurso Estudantil de Poesias, que abrange todos os níveis escolares.

  Portanto, não se pode negar que a Academia Araçatubense de Letras cumpre o seu papel, procurando dar oportunidade de expressão a todo segmento de público. E os literatos locais nos brindam com seus escritos de intenso magneto e brilho, característico de pessoas que possuem o dom da doçura. São eternos aprendizes dos vocábulos e parecem ter nascidos predestinadas a encantar o mundo como as estrelas que rutilam na amplidão do infinito.



  Autoria:  Antenor Rosalino

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domingo, 16 de julho de 2017

HOMENAGEM ENTRE AMIGOS (III)

  Obecendo ao estilo poético Ecosys,
criado por Sys Sabino, tive a honra
de receber essa linda homenagem da
amiga Dinapoetisadapaz:

                         Antenor é seu nome
                         Nome bem conhecido
                         Conhecido cá no Recanto
                         Recanto e canto do Antenor.

                         Antenor esbanja lirismo
                         Lirismo em sua poética
                         Poética de qualidade
                         Qualidade e lirismo.

                         Lirismo que vem da lira,
                         Lira que identifica
                         Identifica sua poesia
                         Poesia cheia de lirismo.

                         Lirismo e encanto,
                         Encanto e magia
                         Magia encontro nos versos
                         Versos de puro encanto.

                         Encanto é sua poética
                         Poética que traz na veia
                         Veia que sanga poesia
                         Poesia e arte poética.
                         Poética do Rosalino
                         Rosalino  seu sobrenome
                         Sobrenome do Antenor
                         Antenor Rosalino

                                                    Dinapoetisadapaz



Retribuição à querida amiga
e poetisa Dinapoetisadapaz:

                         No manto azul dos teus sonhos
                         O glamour da poesia
                          Afugenta os desalinhos
                          Disseminando a ternura
                          Que o teu sorriso irradia.

                          A vida ganha mais cores,
                          O alvorecer mis fulgores,
                          Fulguram centenas hipnóticas
                          Iguais pedras cristalinas
                          Nas noites de poesias.

                          Tudo, então, ganha sentido,
                          Quando ouço a voz do vento
                          E leio o que teu poetar
                          De lirismo e encantamento.

                          Só posso dizer em regozijo
                          Que a tua lira o céu apraz,
                          Pois transforma a dor em sorrisos
                          Dinapoetisadapaz.


                                          Antenor Rosalino


segunda-feira, 10 de julho de 2017

Homenagens entre amigos (II)


           Viver a poesia da vida,
           Como nos ensina o garimpeiro de palavras diamantes
           Antenor Rosalino
          Que eu tenho a honra de ter como amigo
          É achar todo acontecimento
          Por mais corriqueiro, doloroso ou assustador
          Que seja u
ma grande maravilha
          É ser moldável, flexível
          Ter muita plasticidade.....
          É se acostumar a dar
         Comandos positivos ao cérebro
          Até que o cérebro
          Passe por si só
          A só pensar no positivo
          No automático positivo....
         Para isso é que Deus fez o cérebro
         Ter plasticidade
          Dizem os neurocientistas.....
          Para viver a poesia da vida de que nos fala Rosalino
          É preciso ter o coração e a mente de menino
          Que se encanta com um “OH!”
          A cada fato, a cada beleza, a cada flor,
          A cada chocolate.....
          A cada pião
          Que fica rodando um tempão
          Um tempão mágico
          Porque o menino/a imprimiu a força certeira!
          Então é isso, moçada linda
          É acordar já imprimindo a força certeira!
          Só assim pra gente curtir
          Permanentemente
          A poesia da vida
          Que o bom da vida
          É ser livre para curtir
          A poesia da vida
          De que nos fala Rosalino
          Jogar feito um cavalo selvagem
          E livre pelos prados
          Todas as rédeas, todas as amarras
          Todas as ferraduras
          Jogar para o alto e para o dia de São Nunca
           Não deixar ninguém sentar no nosso estribo
           Mesmo por que cavalo selvagem
           Não tem estribo........

                        Luciana Vettorazzo Cappelli


Retribuição à homenagem à mim dedicada
Pela amiga e poetisa Lucia Vettorazzo Cappelli.

Em meus sonhos mais queridos,
Trago a alegria intrínseca
De contar com o privilégio
De amizades imorredouras
Como a que trago no coração
Por tão gentil amiga,
A escritora e poetisa
Luciana Vettorazzo Cappelli.

Muito me honra ser cognominado
De “garimpeiro de palavras diamantes”
Por tão insigne mestra
 Em várias áreas de conhecimento,
Além de possuidora de sensória
Criatividade do mais puro lirismo.

Encantado, sinto-me ainda mais livre
Vivenciando a poesia da vida
Num enlevo enternecedor,
Impulsionado pelo estro poético
Da querida amiga e poetisa.

O teu belo versejar, amiga,
É absorvido pelo perfume da natureza,
Flutua sonhos
E insurge em formas coloridas
Pintando fantasias!
E assim, por toda sua obra,
Pelos seus predicados
E expressão lírica,
Receba os meus agradecimentos
E que todos os seus dias
Sejam sempre marcados pelos arrecifes
Do mar da mais plena poesia.

                  Antenor Rosalino




terça-feira, 6 de junho de 2017

CARAMBA, CARAMBOLA!

                          

                                                                   


   Com olhar nostálgico, detive-me, por alguns instantes, defronte a um pequeno terreno, no centro da cidade, observando um pé de carambola com dezenas dessas frutas já amadurecidas, formando pêndulos que mais pareciam uma constelação, tendo em vista o formato dessas deliciosas frutas amarelas que se assemelham a estrelas.
  Muitas foram as lembranças que me vieram à mente naquele momento. No meu tempo de criança essas frutas eram vistas facilmente e em abundância, assim como ocorria em tempos mais distantes, em relação aos araçazeiros que deram origem ao nome da cidade de Araçatuba, por serem vistos em grande quantidade por essas terras. O fruto do araçazeiro tem o nome de araçá que vem da língua Tupi e significa “planta que tem olhos”, em razão de suas pétalas que dão aparência de um olho no fruto.
  A carambola, por sua vez, devido ao seu lindo formato é chamada de “star fruit” em inglês. É uma fruta exótica, mas seus benefícios para a saúde são reconhecidos, cientìficamente, por conter diversas vitaminas, como aquelas dos tipos A e C e algumas do complexo B.
  Entretanto, há informações de que universidades norte americanas e brasileiras, afirmam que a carambola contém uma neurotoxina que não existe nas outras frutas, e que essa toxina teria sido catalogada pela Universidade de São Paulo (USP) como caramboxina em uma pesquisa, que comprova os efeitos maléficos dessa toxina que pode afetar os nervos e também o cérebro, sendo, igualmente, perigosa para pessoas com problemas renais ou de diabetes, mas segundo a University Malaya Medical Centre essa toxina não afeta pessoas saudáveis, uma vez que o próprio organismo se encarrega de eliminar tais substanciais prejudiciais.
     Não tenho qualquer registro de algum incidente ou que alguém tenha, sequer, passado mal por comer carambolas. Pode até ter ocorrido algum caso esporádico, mas nunca tive tal conhecimento.
  Hoje, com certeza, pensaríamos bem antes de desejar colhermos carambolas, ou faríamos alguns exames médicos para saber se nosso organismo aceita o seu consumo.
  Contudo, as lembranças são gratas de quando os dourados raios de sol flamejavam divisando as flores brancas e púrpuras das caramboleiras ornamentando os quintais e jardins.
  O título que empreguei nesse texto remete a uma antiga marchinha carnavalesca intitulada “Touradas em Madri” interpretada pela imortal Carmem Miranda em que ela utiliza num determinado momento, a expressão: “caramba, caracolis”, e que eu as demais crianças, em vez de caracolis, dizíamos “carambolas...”
  Que bom seria se a toxina dessa fruta fosse apenas “conversa mole para boi dormir”, cujo termo, grifado, a cantora diz também na própria música, com a graciosidade de sempre.
 Que sorte eu e tantas outras crianças tivemos quando passávamos bastante tempo desfrutando do doce sabor dessas frutas, esbaldando-nos com as delícias dessas estrelas amarelas que cresciam no céu dos galhos das inúmeras árvores caramboleiras que havia no chão do nosso passado.


Autoria:  Antenor Rosalino

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domingo, 30 de abril de 2017

PARTIDARISMO

                                      
                                                        
                                


                                              PARTIDARISMO

  Muito tem se falado, ultimamente, sobre o papel que a Escola poderia ter, ou como deveriam posicionar-se os professores e, por conseguinte, também os alunos, no que diz respeito a opções sobre partidos políticos.
  A Escola tem, por fim, a arte de ensinar, em conformidade com as diretrizes, leis, sistemas e regulamentos do Ministério da Educação. Esse é o seu fundamento. Entretanto, é aceitável e até aconselhável que os professores transmitam alguns conhecimentos paralelos à didática, desde que, obviamente, venham acrescentar à formação do educando.
  Nos momentos oportunos, podem ser intercaladas algumas orientações de civilidade, opções de leituras, principalmente de grandes autores, sugestões de temas para elaboração de poesias, explicitações sobre métricas e rimas de um poema, etc.
  Não há dúvida de que esses complementos de estudo, além de tornar as aulas mais agradáveis, irão contribuir e muito para que o aluno venha a ser melhor capacitado para o desempenho de experiências futuras.
  Em relação à política, mais do que nunca se faz necessário orientar os estudantes para o fato de que a política faz parte de nossas vidas e, sendo assim, é de vital importância o conhecimento de seus fundamentos. Também não se pode interferir na opção partidária dos professores. Estes podem ter suas tendências de direita, esquerda, ou até mesmo de certa neutralidade, mas não podemos admitir que a Escola, em si, venha a tomar qualquer posição em favor desta ou daquela ideologia política. Esse não é o papel que lhe cabe, assim como também não deve ser atribuído tal papel à Igreja em suas diretrizes.
  A Escola deve continuar sem partido, contrariamente aos professores e alunos com direito a voto que, como sempre foi, precisam fazer valer a sua cidadania nesse contexto, porém, fora da escola, com a devida sensatez.
  Em razão de possuírem legiões de seguidores, os poetas e escritores, estes sim, devem estar sempre atentos para contribuir com a política. Escolherem um partido que mereça seus apoios e passarem a transmitir informações claras, precisas e, sobretudo, confiáveis sobre as propostas do partido que fez jus a tais apoios, mas com propagações distantes do seio escolar.
  A Escola, enfim, precisa continuar no pedestal mais elevado da democracia, distante de partidarismos, disseminando com galhardia o saber cotidiano, paralelamente a procedimentos essenciais para os dias de hoje e ações poéticas, sinalizando mudanças no afã de um mundo que possa se constituir num presente de fraternidade e livre pensar.




Autoria:  Antenor Rosalino

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segunda-feira, 24 de abril de 2017

ACALANTO DE AMIGOS

Retribuição à homenagem que
recebi dos nobres amigos e poetas
Maria de Jesus Carvalho e
OD L’Aremse, que muito me
honram com suas amizades:



A querida poetisa
Assim, bela a auscultar
O frenesi de sua lira
- Sob o sol crepuscular -,
Manuseia sua sanfona
Com fascínio sublimar!

Num cenário de acalanto,
Quando a tarde vai morrendo,
Doces mantras se deslumbram
Em presságio absorvendo
A suavidade da noite
E todo belo acrescendo.

Chego calmo e me aproximo
Com largo sorriso aberto
E para minha surpresa
O meu coração liberto
Recebe preciosos mimos...
Se esvai meu olhar deserto!

Tenho o privilégio e a honra
De ser chamado em cognome
“O poeta das estrelas”
Por escriba de renome:
Linda “poetisa de amores”
Por mim chamada em antenome.

Maria de Jesus Carvalho
Recebe com fino trato
A todos que se aconchegam
E tudo ganha aparato
Com a chegada repentina
De quem traz desiderato:

O mestre João Esmeraldo
Que para meu regozijo
Também saúda aquiescente
Minha presença e meu siso.
E assim os amigos queridos
Desfazem, pois meus abismos.



Autoria:  Antenor Rosalino